Santiago dos Andes…>>

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Chegar a uma grande capital é sempre uma aventura. Falhei a pausa preparatória que por hábito faço antes de me afogar no caos das grandes cidades, mas tive a sorte de acertar no ponto cardeal correcto. O objectivo era a sede da Universidade Católica. Lá, haveria de me encontrar com Francisco, meu anfitrião por dois dias.

Se os preços no Chile são genericamente caros, em Santiago atingem o apogeu. Parar a mota num parque de estacionamento custaria um euro cada meia hora, caso me resignasse ao preço normal. Consegui preço de bicicleta à terceira tentativa: dois dias aparcado, doze euros. Deve ganhar-se bem por cá.
 
Francisco encontrou-me no bar da faculdade, meio adormecido pela espera. Gentil e genericamente nervoso, disfarça a ligeira gaguez com um arrastar exagerado de certas sílabas, mas evita repetir-se. Gosta de tudo certinho e esforço-me por manter a ordem na sala, invadida pela minha enorme pilha de bagagem e equipamento. Mais tarde, perco-me a pé no trânsito da cidade. Sabe bem navegar de sapatilhas na maré de gente que formiga no centro e acabo a jogar uma deliciosa partida de xadrez na Plaza de Armas. É um passeio distraído sem propósito de maior. Não percorro qualquer lista de pontos a visitar, nem sequer tenho um mapa, só vim sentir este pulsar agitado em que vibra a cidade. Volto de metro, numa enchente que me obriga a esperar o segundo comboio.
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